12/12/2013

GROG - Scooping the Cranial Insides (2012) [8.5/10]

Escavando por entre crânios...

...Os GROG inserem-se como óbvios pioneiros no que toca ao Death Metal nacional. Já contam com mais de duas décadas de brutalidade e não mostram sinais de que vão abrandar. Este é o último trabalho destes lusitanos e é sem sombra de dúvida uma dádiva sangrenta para qualquer fã de old-school Brutal Death Metal/Grindcore. 

A pequena intro denominada de "Troia Mai" remete-nos para uma tribo canibal a exercer o seu ritual enquanto que "Beyong The Freakish Scene" arranca com um peso sufocante que só veria o seu fim no último tema "Decreptic Pussies Cabaret". A bateria descola com double-bass e blast-beasts desumanos, os riffs estão repletos de pujança e ferocidade e as vocalizações guturais são brutalmente capazes de impor respeito. Tudo aqui soa pesado, técnico e maturo. "Sicko" tem uma pedalada implacável... um dos meus temas preferidos, assim como "Split 3 To Share" ou a já mencionada "Beyong The Freakish Scene". 

Não se pegando a influências em demasia e conseguindo manter alguma identidade, há algum cheiro podre a Cannibal Corpse, Morbid Angel ou Suffocation... Alguma da "desordem" instrumental e algumas vocalizações high-pitch remetem-nos até para uns Napalm Death. No que toca às letras, é aconselhável que tenham um estômago forte para aguentar tanto gore sexualmente transmissível. 

"Scooping The Cranial Insides" é deveras um álbum muito bom. É de certo, uma peça que os fãs da banda vão querer ter na sua colecção e uma relíquia por descobrir para qualquer fã das maiores extremidades do Death Metal. É das melhores coisas que se encontra a nível nacional dentro do género... Está ao nível de qualquer internacionalidade também.

05/12/2013

SERRABULHO - Ass Troubles (2013) [7/10]

A cura para a prisão de ventre.

São o último berro do Grindcore tuga, contam com influências Death e até algum Punk (em alguns riffs de "Im Full of This Shit") e denominam-se de Serrabulho. “Ass Troubles” é o primeiro álbum deste projeto extremo. Conta com 28 minutos de pura velocidade e peso, misturados com muito humor (vejamos títulos como "Quero Cagar e Não Posso" ou "Atomic Fart").

Os samples cómicos introduzidos geralmente no início de cada tema são brutalmente interrompidos por um peso sem fim. A voz é maioritariamente em pig squeal como manda a lei do género, os riffs são quase todos simples mas bem conseguidos e a bateria soa brutal, com uma rapidez totalmente necessária para acompanhar o caos e desordem que a voz e as cordas transmitem.

Pontos altos para a excelente produção do álbum (a cargo do baixista Guilhermino Martins) e para o tema "Don't Fuck With Krusty" que conta com o riff mais badass de todo o álbum, simples e mortífero.

Embora não trazendo nada de muito novo, é óbvio que os Serrabulhos são bons naquilo que fazem. Que este "Ass Troubles" seja o primeiro de muitos discos brutais.

30/09/2013

SOULFLY - Savages (2013) [7/10]

Um passo atrás.

Quem leu a review do anterior disco "Enslaved", deverá ter percebido o quanto o apreciei. Infelizmente, "Savages" não manteve a mesma linha de qualidade e soa a um passo atrás em comparação com o grandioso álbum anterior. 

É possível que a saída do baterista David Kinkade e consequente entrada de Zyon Cavalera (filho do legendário front-man Max Cavalera) tenha contribuído para isso... Não há nada de errado com Zyon como baterista, mas a prestação de David em "Enslaved" foi épica, num nível claramente superior.

O que acho que acontece de errado com alguns temas daqui, é que são algo previsíveis, já batidos e muitos riffs soam-nos a reciclagens de outros riffs já existentes no catálogo de Soulfly. São também demasiado longos, alguns sem necessidade nenhuma mesmo... A maioria chega aos 5 (ou até 8 minutos) é com a inclusão de interludes aborrecidos, demasiado longos e dispensáveis no meio ou fim da música. Até o virtuoso guitarrista Marc Rizzo já pareceu ter mais inspiração... Os seus solos aqui soam mais a show-off que outra coisa qualquer.

As participações especiais voltaram em maior numero, com Iggor Cavalera Jr. (o outro filho de Max) a dar umas vozes irritantes no refrão da aborrecida faixa de abertura "Bloodshed" e as mais conseguidas participações de Jamie hanks (I Declair War) em "Fallen", Neil Fallon (Clutch) em "Ayatollah of Rock N Rolla" e Mitch harris (Napalm Death) em "K.C.S.". O baixista Tony Campos dá também as suas vozes à lá Asasino em "El Comegente", como fez em "Plata O Plomo" do disco anterior. 

Toda aquela ambiência mais extrema do Death Metal perdeu-se um bocado aqui. Os Soulfly voltaram ao seu Groove/Thrash, abandonando quase por completo o novo rumo extremo que pareciam seguir. Independentemente de achar um álbum mediano e sem grandes destaques, o tema "Fallen" é à primeira vista o mais conseguido, conta com um Groove bastante potente e alguns restos do Death Metal que Max decidiu abandonar (infelizmente).

02/07/2013

BIOHAZARD - Kill Or Be Killed (2003) [8/10]

Bastante sólido e bruto.

"Kill Or Be Killed" é um dos meus trabalhos favoritos dos Biohazard. É simples e bruto, uma descarga sólida de muito hardcore e groove, onde as duas vozes se completam com muito ódio e uma atitude bastante directa, in your face... Para quem está familiarizado com a banda, conhece também a tendência por vezes mais rap em algumas das vocalizações inseridas. Os riffs são concisos e a bateria tem uma performance muito boa e repleta de pujança. 

Depois de uma faixa introdutória um bocado inútil (28 segundos de feedback), "World On Fire" arranca como um excelente tema de abertura, um pouco diferente daquilo que estamos habituados a ouvir do quarteto no que toca a sua ambiência, é menos hardcore e mais metaleira esta faixa... É repleta de Groove e excelente para um mosh pit. Já os vi ao vivo e posso dizer por experiência própria que os Biohazard ao vivo são uma coisa muito violenta.

"Never Forgive, Never Forget" descola com um riff lento e castiço mas rapidamente se torna numa violenta malha de hardcore como tão bem os Biohazard nos habituaram, com refrões odiosamente "cantáveis" e catchys. O tema título é outro a ter em conta como um dos melhores também.

Nada de genial, mas um trabalho bastante sólido deste quarteto hardcoriano repleto de ódio e genica.

MR. BUNGLE - California (1999) [9.5/10]

Uma explosão de originalidade musical.

"California" é o terceiro e último disco dos extintos Mr. Bungle, projecto mais conhecido por incluir Mike Patton na sua formação, o carismático front-man dos Faith No More que muitos projectos veio a criar posteriormente (incluindo Fantomas, Tomahawk, Peeping Tom...). Mr. Bungle diz um adeus em grande com este disco explosivo, cheio de musicalidade e maturidade, com um experimentalismo enorme e fora do comum. 

É difícil dizer o que está aqui, tem quase de tudo... Cada tema é diferente dos restantes. Existe rock, funk, jazz, metal, lounge... Alguns sons completamente vintage que encaixariam perfeitamente numa banda sonora de um Pulp Fiction. Todo o disco em si é bastante cinemático mesmo. É impressionante a diversidade musical e a maneira como Patton brinca com a voz.

"Retrovertigo" e "Pink Cigarrete" são dois temas absolutamente geniais. As vocalizações em "The holy Filament" são incríveis, um tema brutal. Até a "Golem II" que parece começar em tom de brincadeira acaba no fim por ser outra malha genial e muito catchy... muito mesmo.

Não há como explicar. "California" é uma obra prima e uma explosão de originalidade musical.

27/06/2013

FEAR FACTORY - Digimortal (2001) [7.5/10]

Inferior aos anteriores... Ainda assim é muito bom.

É talvez o disco mais apegado ao "Nu Metal" dos Fear Factory. De certo é o seu trabalho mais simplista no que toca à complexidade dos riffs de guitarra e song-writing... As estruturas das músicas e tudo em seu redor está bastante simplificado se comparar-mos às anteriores obras primas "Obsolete" e "Demanufacture". Apesar de alguns momentos fillers, "Digimortal" é sem dúvida mais uma boa fatia dos monstros industriais. 

"What Will Become?", "Damaged" e "Digimortal" são 3 temas conseguidos, com refrões memoráveis e um Groove interessante onde a bateria assume o destaque... "No One" é outro exemplo disso, de como a bateria aqui está em alta. Em termos de guitarra, é talvez o disco menos "exibicionista" de Dino Cazares, talvez estava a passar por uma fase menos inspirada ou optou mesmo pelos riffs mais simples e sem grande ciência. O que é certo é que ele já tinha mostrado anteriormente uma técnica rítmica bastante superior antes e depois de "Digimortal", não só em Fear Factory como em Devine heresy também.

"Invisible Wounds (Dark Bodies)" é uma excelente balada onde Burton C. Bell faz-se ouvir através dos seus estranhos e únicos cleans, uma balada bastante superior à outra aqui presente neste disco ("Memory Imprints Never End"). "Acres of Skin" é sem duvida a mais extrema. O single "Linchpin" é um tema bastante aborrecido na minha opinião, assim como "Byte Block" e "hurt Conveyor".   "Back The Fuck Up" é uma interessante fusão com hip hop, onde o carismático B-Real dos Cypress hill participa também com vozes.

Escusado será dizer que uma das coisas em alta são os samples e ambiências por detrás dos temas, isso sempre foi quase que 50% dos Fear Factory: o seu elemento industrial. Sem ele, nada seria mesmo.

Pontos altos: "What will become?", "No One", "Invisible Wounds (Dark Bodies)"
Pontos baixos: "Linchpin", "Byte Block", "Memory Inprints Never End"

24/06/2013

ANATHEMA - Eternity (1996) [9/10]

O começo do lado atmosférico.

É aqui o ponto de viragem dos Anthema... Abandonam quase por completo o Doom que sobrava em "The Silent Enigma" e começam a dar um toque mais atmosférico e muito mais soft aos seus temas. A voz começa a ter uma abordagem diferente... Passa a ser sempre limpa e os growls e shouts desaparecem quase por completo. Aqui em "Eternity", os Anathema já pouco têm de Metal.

As ambiência deste disco são muito boas... Tudo é mais condensado na melodia. "Sentient" é uma introdução maioritariamente de teclas extremamente bonita, remete-nos para uma depressiva introspecção... As harmonias das guitarras atrás são capazes de arrepiar todos os pelos do braço. "Angelica" descola da mesma forma, muito melancólica e com um excelente trabalho de guitarras e voz. "Hope" é um tema extremamente catchy e muito bom... O meu preferido a par de "Angelica". De destacar também o tema-título "Eternity", dividido em três fatias, "pt1, pt2 e pt3". Apesar de muito melódico, ainda há alguns temas mais mexidos em "Eternity", sendo "The Beloved" é o melhor exemplo.

Mais um muito bom disco dos Anathema, repleto de armonia e sensibilidade. Um disco para as eternidades, tal como o nome indica.

23/06/2013

GOJIRA - From Mars To Sirius (2005) [9.5/10]

Fora deste planeta.

"From Mars To Sirius" é o excelente terceiro disco dos franceses Gojira e é sem dúvida uma proposta interessantíssima e diferente para todos os fãs do Metal mais extremo.

Joe Duplantier possui um vozeirão muito bom e original... E em grande está também o seu irmão Mario Duplantier que toma conta da bateria de uma maneira indomável-mente técnica e brutal, com a inclusão de alguns double-bass, breakdowns e blast-beats muito intensos... Sem dúvida que a bateria é um dos pontos fortes dos Gojira. Alguns dos beats e passagens são deveras impressionantes. Estes dois irmãos são um grande poço de talento no que toca ao uso dos seus instrumentos.

Joe além da voz e em conjunto com Cristian Andreu, destila riffs pesadões e algumas partes mais melódicas igualmente intensas. O baixo de Jean-Michel Labadie é sentido de uma forma também bastante matura, com alguns pormenores sublimes e muito bons.

Mas não é a só a notável técnica dos Gojira que fazem de "From Mars To Sirius" um excelente disco, é sim o leque de originalidade e os grandes temas que o dão corpo:

- "Ocean Planet": Uma grande abertura de onde rapidamente sentimos o excelente Groove e melodia que os Gojira conseguem muito bem traçar;
- "Backbone": Dispara com um breakdown brutal e muito catchy... Mais à frente há um insano double-bass e bast-beats rapidíssimos e excelentes;
- "From The Sky": Riffs de guitarra bastante contagiantes e vocalizações muito boas. O double-bass na bateria mantém-se quase sempre neste tema;
- "Unicorn": Um melódico interlude curto e instrumental. 
- "Where Dragons Dwell": Outro excelente tema. Inicialmente mais melódico, o tema vai ao encontro do peso característico dos Gojira;
- "The heaviest Matter of the Unniverse": Bastante extremo, talvez o mais pesado a par de "Backbone";
- "Flying Wales": Começa ao jeito de "Unicorn"... Com uma introdução instrumental com notas melódicas de guitarra a repetirem-se bastante, um baixo a dar uns contornos melódicos interessantes e uma bateria a ir dando a variação de um modo progressivo. Por de trás de tudo são ouvidas relaxantes sons de baleias. Aos dois minutos e meio o tema descola com um riff bastante simples mas muito bom e memorável;
- "In The Wildderness": Mais um tema de peso colossal com algumas partes mais arrastadas e extremamente bem conseguidas;
- "World To Come": Uma espécie de balada dos Gojira, com um excelente trabalho de guitarras no início... A soar bastante a 70's por vezes;
- "From Mars" é um tema curto e sereno que serve de introdução para "To Sirius", outra malha repleta de intensidade;
- "Global Warming": Conta com umas guitarradas irregulares e muito boas em grande parte do tempo... Outro excelente malha para concluir este disco descomunal.

É um bocado difícil não simpatizar com os Gojira... 

18/06/2013

NEWSTED - Metal EP (2013) [7/10]

É de facto um trabalho bem "Metal".

Newsted é o novo projecto de Jason Newsted, conhecido ex-baixista dos Metallica que participou nos aclamados discos "...And Justice For All", no álbum negro homónimo apelidado de "Black Album", no "Loud" e "Re:Loud". Aqui ele assume um papel de maior destaque... Além de baixista é também vocalista e o principal compositor dos temas. É quase como um projecto a solo bastante metalíco. 

"Metal" é o EP de estreia e conta com quatro temas, um bom aperitivo enquanto o álbum longa-duração está a ser preparado. A sonoridade aqui praticada é um heavy/thrash metal com alguma toada hardrock. Lembra a fase intermédia da sua antiga banda (Metallica), assim como uns Megadeth e até uns Motorhead em certos riffs (ex: abertura do primeiro tema "Soldierhead").

É tudo mais a base do mid-tempo, o som é mais condensado no Groove do que na velocidade. Todos os quatro temas são bastante competentes e engraçados... Mas algo genéricos também. O que está em destaque aqui é mesmo o papel de vocalista muito bem assumido pelo Jason. 

DOWN - Down IV Part I: The Purple EP (2012) [7.5/10]

O primeiro de quatro...

E os Down tem aqui neste EP o primeiro de quatro capítulos... Foi anunciado pela banda que durante os próximos tempos iriam sair mais 3 EP's e cada um deles vai-se focar em diferentes vertentes dos Down.

Aqui no "The Purple EP" os Down apresentam-se de uma maneira bastante old-school com um som de puro heavy metal carregado de muito sludge que tão bem os caracteriza. Ao ouvir os seis longos temas, há sem sombra de dúvidas uma influência predominante: Black Sabbath. Facilmente cheiramos um Ozzy a cantar ou um Iommy na guitarra.

Os riffs são bastante são bastante graves, cheios de groove e pedalada... Existe sem dúvida uma técnica bastante dominante em muitos desses riffs e solos, assim como esta se verifica no baixo e bateria que estão sempre competente-mente a acompanhar todo o "abafado" trabalho de guitarra.

Além das guitarras, a voz limpa do ícone Phil Anselmo também está em grande. Não há os shouts famosos que ele usava em Pantera... Os apontamentos são todos à base de vozes limpas e cantadas. E lá de vez em quando temos o uso dos seus característicos e muito bem conseguidos spoken words.

Um bom trabalho dos Down que regressam às suas origens com este EP ou até às origens de todo o Metal. Venham os próximos EP's.